Por vezes, sem saber, removemos componentes secretados pelo corpo que são muito importantes para o desenvolvimento e para a reparação física dele. E é exatamente isso que ocorre quando retiramos o vérnix caseoso do bebê, já que ele age como camada de proteção para a pele ainda em desenvolvimento.
A chegada de um bebê ao mundo traz um mar de alegrias e dúvidas para mamães e papais de primeira, segunda e até terceira viagem. Cada filho é único e singular, assim como as situações apresentadas ao longo do desenvolvimento de cada um. Por isso, reunimos uma série de questões que envolvem o nascimento do bebê e a necessidade de manter o vérnix caseoso até sua completa absorção.
Continue a leitura e descubra como essa camada é formada, por que é importante e quais são as recomendações de agências nacionais e internacionais para o cuidado do recém-nascido com vérnix caseoso.
O que é vérnix caseoso?
Vérnix caseoso é o nome dado à película protetora composta por água, lipídio e proteínas que reveste o bebê a partir do terceiro trimestre de gestação, garantindo que as camadas da pele — epiderme, derme e hipoderme — possam amadurecer sem o contato direto com o líquido amniótico.
É possível observar a presença dessa camada de proteção, de forma mais evidente, em bebês que nascem entre 36 e 39 semanas, uma vez que a partir da quadragésima semana o líquido amniótico terá dissolvido quase todo o vérnix. Por outro lado, bebês prematuros podem nascer sem essa proteção, já que ele faz parte de uma etapa mais avançada de maturação do órgão.
Qual é a função do vérnix caseoso?
O vérnix caseoso tem função intrauterina e extrauterina e isso precisa ser evidenciado, já que em muitos hospitais e maternidades existem protocolos de banho que consideram as características de bebês nascidos a partir da 40ª semana. Por conta disso, infelizmente, por vezes, acabam retirando todo o vérnix nas primeiras seis horas de vida, o que, segundo pesquisas, não é recomendado, exceto em casos muito específicos.
Além de garantir que a pele amadureça dentro da mãe, o vérnix caseoso, assim como outros fluidos, ajuda a diminuir o atrito durante o parto vaginal e a cicatrizar a pele mais rapidamente durante a passagem do bebê pelo canal.
Conforme as orientações de cuidado com a pele do recém-nascido elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre as principais funções do vérnix caseoso extrauterino, podemos citar:
- Controle de temperatura: mantendo seu bebê mais estável e quentinho nos primeiros dias de vida;
- Capacidade antioxidante e antibactericida: age como barreira protetora contra patógenos externo e diminui as chances de desenvolver alergias;
- Evita a desidratação: proteção contra a perda de líquido para o meio externo;
- Proteção lipídica: até o desprendimento natural do vérnix e a maturação da barreira transepidérmica do bebê.
Qual o tempo mínimo de permanência do vérnix caseoso no recém-nascido?
Tudo depende da quantidade de vérnix na pele do bebê, mas, em geral, toda a camada de proteção é absorvida pelo corpo do recém-nascido nos primeiros dois dias de vida. Após três dias, caso a camada não tenha sido totalmente absorvida, será necessário direcionamento profissional, porque, a partir desse período, a umidade para a pele do bebê pode não ser mais tão bem-vinda.
Muitas pessoas acham a textura do vérnix caseoso estranho, principalmente por não saber da importância dessa camada no processo de maturação e de adaptação do bebê durante a transição do meio intrauterino aquoso para o ambiente externo seco.
As diretrizes de atenção integral ao recém-nascido do Sistema Único de Saúde (SUS) encoraja que o primeiro banho do bebê ocorra apenas 24 horas após o nascimento. Visto que o contato imediato e contínuo entre mamãe e bebê, principalmente nas primeiras horas de vida, possui muitas vantagens para ambos, afetiva e fisiologicamente falando.
Em quais casos é recomendado a retirada do vérnix caseoso?
A retirada em até seis horas do vérnix caseoso é recomendada em casos em que pode ocorrer a transmissão vertical de doenças. Ou seja, a mãe portadora de doenças como HIV, herpes genital, sífilis, hepatite B e outras mais, durante o parto, poderia propagar para seu bebê tais vírus e bactérias. Nesses casos, apesar de o vérnix caseoso ser uma barreira de proteção, vírus e bactérias podem ficar na superfície dessa camada, sendo, dessa forma, necessária a remoção.
Existem, ainda, outros casos em que há recomendação de retirada do vérnix, como mau cheiro, o que pode ser um indicativo de inflamação dérmica, e o escurecimento da camada por conta do mecônio presente na placenta.
Quando dar o primeiro banho no bebê?
A Organização Mundial de Saúde aconselha que o primeiro banho deva ocorrer após 6 horas de vida do bebê. Antes disso, deve ser retirada apenas a camada superficial de fluidos, sangue e mecônio — em casos específicos — pelo profissional de saúde.
O SUS, como vimos, aconselha que o banho seja realizado pelo menos após as primeiras 24 horas do nascimento, salvo casos específicos no qual ele deve ocorrer em até 6 horas após o parto. Postergar o primeiro banho do bebê ajuda no aleitamento materno, na estabilização da temperatura do bebê e no reconhecimento olfativo entre mãe e filho, o que faz com que todos os processos sequencias se tornem mais fácil e sereno.
Compreender as funções que o vérnix caseoso possui no processo de maturação e proteção dérmica é muito importante para o processo de criação de imunidade do bebê. Para mamães e papais, saber disso também pode facilitar o cuidado com o recém-nascido.
Falando em cuidado, que tal dar uma olhadinha no nosso post sobre puerpério e entender um pouco mais sobre essa fase de grande variação hormonal e que também merece muita atenção e respeito? Te esperamos lá. Até mais!
Referências:
RUSCHEL, L. M.; PEDRINI, D. B.; CUNHA, M. L. C. da. Hipotermia e banho do recém-nascido nas primeiras horas de vida. Revista Gaúcha de Enfermagem, v. 39, e20170263, 2018.
LIMA, R. O. de; ESTEVAM, L. D.; LEITE, F. M. C.; ALMEIDA, M. V. S.; NASCIMENTO, L.; AMORIM, M. H. C.; BRINGUENTE, M. E. de O. Intervenção de enfermagem-primeiro banho do recém-nascido: estudo randomizado sobre o comportamento neonatal. Acta Paulista de Enfermagem, v. 33, e–APE20190031, 2020.
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