Já ouviu falar sobre a criação neurocompatível, mas não sabe o que isso significa? Esse modelo de educação tem muitos adeptos e surte resultados interessantíssimos!
Acompanhe esse post e saiba tudo o que precisa a respeito desse movimento, como ele pode ser aplicado e quais são os benefícios para o desenvolvimento das crianças e para o vínculo entre pais e filhos.
O que é criação neurocompatível?
A criação neurocompatível diz respeito a um modelo de educação no qual os pais criam seus filhos de acordo com a capacidade entendimento da criança. E o que isso significa?
Por ser baseada nos estudos da antropologia, da neurobiologia e da psicologia evolutiva, a teoria da criação neurocompatível entende que, ao educar, é essencial respeitar o desenvolvimento infantil, tanto do cérebro quanto do corpo da criança.
O termo foi cunhado pela psicóloga brasileira Márcia Tosin após estudar e acompanhar diversos casos de pais que criavam seus filhos conforme a capacidade de compreensão e do processamento do cérebro da criança. Embora fizessem isso de maneira intuitiva, a estudiosa percebeu que, cientificamente, havia um longo respaldo teórico que apoiava essa maneira de educar.
Posto isso, o movimento que se fundou após o trabalho da psicóloga busca educar crianças com práticas compatíveis à sua fase de desenvolvimento e com suas necessidades psicológicas e físicas. Portanto, os pais que criam suas crianças com neurocompatibilidade, procuram educá-los consoante as competências de discernimento que os pequenos possuem.
Em quais princípios a criação neurocompatível se baseia?
Por ter se tornado um modelo, a criação neurocompatível se baseia em alguns princípios, mas, antes de irmos direto a eles, é preciso ter em mente que, por ter sido criada a partir de 3 ciências, esses fundamentos são mesclas entre esses estudos para agir conforme as reações do cérebro infantil, as respostas emocionais e o contexto no qual a criança está inserida.
Agora, confira os princípios norteadores da criação neurocompatível:
1. Criação que respeite a dignidade humana da criança
Embora pareça óbvio que as crianças tenham que ser tratadas com dignidade humana, muitas vezes elas não são. Primeiramente, é indispensável entender que a criança deve ser tratada como uma pessoa digna de respeito e compreensão tal qual qualquer outra pessoa adulta.
Por consequência disso, práticas que a façam se sentir reduzidas ou humilhadas são inaceitáveis para a criação neurocompatível. Este princípio é, sem dúvidas, o mais importante porque, a partir dele, todos os outros podem ser desenvolvidos a fim de que a criança tenha saúde, tempo, confiança, segurança e espaço para crescer e se desenvolver.
2. Educação sem punições e submissão
A educação com ausência de punições e submissão é o princípio que mais causa polêmica, isso porque muitos adultos ainda acreditam que castigos são a melhor maneira de educar e que a submissão ou a obediência são provas de educação. Uma criança não tem capacidade cognitiva para compreender o porquê dessas ações.
Ao serem submetidas a castigos, os pequenos sentem-se desvalorizados, envergonhados e culpados, o que interfere seriamente na autoestima da criança.
Já a submissão, entendida como obediência, desestimula a compreensão das situações e não contribui para o entendimento do que é certo e errado, o que impede que a criança tenha autonomia, tornando-a insegura e dependente.
3. Apresentação dos limites e das regras sociais
Desde muito pequenas, é essencial que as crianças entendam que fazem parte de uma sociedade e que nela existem limites e regras sociais importantes para manter a boa convivência entre as pessoas. Esses preceitos devem ser inseridos e demonstrados no dia a dia dos pequenos por meio das interações sociais.
É claro que esses limites e regras devem ser inseridos conforme a idade e os comportamentos da criança. Por exemplo, ensinar que não é adequado pegar um brinquedo sem pedir é essencial para crianças que tenham contato com outras, mas ensinar que não pode bater e machucar outras pessoas pode começar muito antes.
4. Foco nas necessidades da criança
Um dos princípios norteadores mais importantes do movimento neurocompatível é criação voltada para as necessidades da criança, uma vez que, por serem vulneráveis e não terem nem a capacidade cognitiva nem a motora desenvolvidas, têm demandas completamente diferentes das que os adultos costumam ter.
Em razão disso, as ações e a rotina devem acontecer em torno do que a criança demanda e não daquilo que o adulto precisa. Exemplo disso é a necessidade que uma criança pode ter de comer apenas na presença e com a ajuda da mãe enquanto, para ela, seria muito mais rápido se arrumar para o trabalho se a criança já conseguisse comer sozinha.
5. Educação sem autoritarismo ou hierarquia
Se mostrar autoritário e se colocar em uma posição superior à da criança é muito mais uma necessidade do adulto do que uma maneira de educar uma criança. É importantíssimo entender que a criança não só sabe que o adulto deve tomar as atitudes essenciais para a sua vida, como espera que seus educadores façam isso.
Dessa forma, a educação em rede e não hierárquica demonstra que a criança tem tanto valor e importância quanto um adulto. Com a noção de poder retirada de cena, os pais tornam o ambiente seguro para seus filhos se desenvolverem e forma saudável e expressarem suas emoções e questionamentos de maneira assertiva e não violenta.
6. Consciência do ritmo de desenvolvimento individual da criança
Por mais que existam determinados períodos para a criança apresentar comportamentos, como engatinhar, andar e falar, por exemplo, não necessariamente todas as crianças irão de desenvolver conforme essas convenções. Devido a isso, na criação neurocompatível, é extremamente necessário que os pais tenham consciência de que cada criança possui um ritmo, um tempo.
Exigir que seu filho tenha uma excelente coordenação motora como o seu sobrinho tem na mesma idade não só traz frustração, mas te impede de visualizar outras capacidades que o seu pequeno já desenvolveu e que podem ser aprimoradas. Desse modo, acompanhar o ritmo natural do desenvolvimento da criança é poder enxergá-la tal qual ela é.
Aproveite para ler também nosso conteúdo “Meu filho quer atenção o tempo todo, o que fazer?” para saber sobre os motivos e como lidar com essa situação!
Quais as vantagens que a criação neurocompatível oferece?
Se você leu esse conteúdo até aqui, já conseguiu perceber diversas vantagens que a criação neurocompatível oferece tanto para o desenvolvimento infantil quanto para os pais. Mesmo assim, decidimos listar os 10 principais benefícios que esse modelo proporciona, confira:
- Crianças que se sentem seguras para expor acontecimentos, pensamentos e emoções com os pais;
- Tornam-se pessoas mais resilientes, flexíveis e com uma excelente compreensão de si e do mundo ao redor;
- Desenvolvem autonomia e capacidade de analisar as situações;
- Desperta a criatividade com competências para elaborar, produzir e solucionar;
- Pais e filhos criam um laço de afeto pautado na confiança e no respeito;
- Crianças que conseguem discernir e respeitar o limite dos outros e impor os seus próprios;
- Crescem com integridade, uma boa autoestima e com amor-próprio;
- Afasta o sentimento de culpa que os pais sentem ao errarem com os filhos;
- Evita frustrações advindas de comparações;
- Ajuda os pais a compreenderem melhor os seus filhos, suas fragilidades e qualidades.
Aproveite para ler: Qual a maior dificuldade que você encontra na maternidade?
Como começar a educar meu filho(a) com a criação neurocompatível?
Para colocar a crianção neurocompatível em prática, é realmente essencial começar pelo início. Isso significa que, primeiramente, você deve se lembrar frequentemente que o seu filho(a) deve ser tratado com dignidade por você e por todas as pessoas.
A partir disso, vale considerar quais ações você já praticou ou viu alguém praticar que não respeitavam a dignidade da criança e, então, entender que elas não podem ser repetidas. Depois, é essencial compreender um pouco melhor sobre o desenvolvimento infantil para, dessa forma, de fato colocar em prática uma criança compatível neurologicamente.
Para que você entenda melhor como começar a educar o seu filho(a) com a criação neurocompatível, usaremos alguns exemplos para elucidar. Confira:
Exemplos de ações possíveis na criação neurocompatível
Ao ajudar o seu filho(a) em uma tarefa escolar, tende a se estressar e, quando ele chega à solução correta, costumar dar as respostas? Com a educação neurocompatível, é essencial que você ensine a criança que está tudo bem dizer que não sabe a resposta e fazer com que ela entenda que é importante buscar descobri-la.
Outro exemplo muito comum para explicar a criação neurocompatível é a birra e como lidar com ela. Os pais que seguem esse modelo entendem que a criança está chateada e que a birra é uma reação à frustração, pois não têm ferramentas suficientes para comunicar seus sentimentos ou regular suas emoções.
Por isso, nos momentos de birras, os pais procuram acalmar as crianças as levando para um lugar tranquilo, demonstrando compreensão e, quando já calmas, tentam ajudá-las a compreender seus sentimentos e chegar em uma solução, caso ela seja possível. Isso ajuda, inclusive, no sentimento de vergonha e culpa que os pais sentem quando os filhos fazem birra em público.
Além dessas situações hipotéticas muito comuns na vida dos cuidadores, a educação neurocompatível tem um grande apoio nas ideias da comunicação não violenta. Sendo assim, frases como “estou de ouvido”, “eu te entendo”, “o que você acha de tentar de novo?”, “tudo bem não saber responder isso, o que acha de tentarmos descobrir a resposta juntos?” fazem toda a diferença!
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O que a criação neurocompatível NÃO pratica
- Permissividade, criar uma criança de forma neurocompatível não é dizer sim para tudo, mas explicar os motivos pelos nãos;
- Agressões verbais ou físicas;
- Desvalidação dos sentimentos e das conquistas da criança;
- Comparação com outras crianças acerca do desenvolvimento e das capacidades da criança;
- Castigos e outras punições que tragam sentimentos e crenças de desvalorização;
- Não há relações de poder, logo, não há espaço para autoritarismo e hierarquização;
- Obrigar a criança a superar medos, como deixá-la no escuro, trancada ou no quarto sozinha para superar o medo de ficar só;
- Não acelera os processos de desenvolvimento.
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